terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Mania de Professor (a)



Já perceberam como as vezes é difícil conversar com um professor (a)? Inúmeras vezes uma simples conversa sobre qualquer assunto se transforma em uma palestra, daquelas bem pesadas que remontam a meados do sécula XX. Basta uma palavra e pronto: senta que la vem história!
Posso citar alguns exemplos. Neste blog há um post intitulado "Meus meninos e seus pés no chão". Quando o escrevi, pensei apenas em abrir diálogo sobre um fato corriqueiro na vida das crianças - brincar descalço - e a dureza que muitas vezes a submetemos nas aulas de Educação Física. Dias depois recebi um e-mail muito carinhoso de uma professora que me dava dicas sobre como convencer os alunos a participarem da aula calçados. Uma verdadeira aula.
Outra vez estava em um bar com amigos. Falando sobre futebol, surgiu uma pergunta qualquer, daquelas típicas de conversa de bar. Um dos amigos tomou a palavra e resenhou, resenhou, resenhou tanto que ele se pegou em uma das esquinas da fala professoral e disse: "Nossa, parece que estou na escola falando com meus alunos".
Esse tipo de comportamento é comum em professores de várias áreas de conhecimento. É preciso tomar cuidado, senão, levar a namorada (o) para jantar pode se transformar em uma aula sobre a história do vidro no egito antigo. Uma partida de futebol pode se transformar em uma aula de cálculo sobre a diferença de metragem entre o campo do Manchester da Inglaterra e o campinho do sítio e as implicações para a prática do futebol arte.
Eu poderia elencar uma série de motivos para essa mania. Mas vou pegar só um. Falta de diálogo. Sempre que presencio essas aulas fora de hora percebo que a pessoa se fecha para o mundo. Direciona seu olhar para o chão, aumenta o tom de voz e começa... Essa postura que, até certo ponto, pode ser considerada normal pois a formação do professor históricamente o fez dono da verdade, denuncia uma falha. hoje é sabido que não somos donos da verdade.
Esta, é uma construção coletiva e não uma imposição. Embora muitas vezes construções coletivas dos outros nos são impostas, mas isso é tema para outro post.
A construção do diálogo é dos temas mais difíceis que abordo em minhas aulas. Dialogar é se doar ao outro e não simplesmente falar, falar, falar... Entender o outro, codificar sua mensagem e depois responde-la. Se parássemos para pensar nessas coisas talvez evitariamos um pouco mais essa mania de professor.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Balanço de 2009

Este ano, como os últimos da minha vida, foi um ano de intenso aprendizado. Mas, diferente do ocorrido em anos anteriores, pela primeira vez, me sinto seguro ao trilhar o caminho que escolhi. Este, foi o pior dos aprendizados.
Cometi vários equívocos. Algumas gafes. Outras desilusões. Mas no final, deu tudo certo.
As coisas caminharam tão bem que este fim de ano não poderia ter sido melhor. Consegui passar com sobras pelo exame de qualificação no mestrado - confesso que tive medo de não conseguir - além disso, fui aprovado no concurso público que prestei com vistar a ocupação de um cargo mais valorizado no serviço público e, para completar, um bom free lancer caiu no meu colo para enriquecer a ceia de natal.
Precisei abrir mão de algumas coisas para resgatar o potencial que tenho em mim. Sei que estou longe de alcançar minha plenitude, mas prometo que vou tentar.

O primeiro passo: defender até março de 2010!

Voltei!

Há algum tempo tenho pensado em voltar
Mas só agora consegui me organizar
Espero que daqui "pra" frente eu não volte a faltar
Para poder sempre dialogar

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Temas Conteúdos e os meus alunos

A cultura de movimento é o ponto chave para o desenvolvimento das aulas. Se levarmos isso em consideração os processos educacionais seriam melhores, penso.
Na minha escola trabalho nessa perspectiva, primeiro levo em consideração o contexto no qual meus alunos vivem, isso me faz alterar a linguagem que utilizo, os pontos que necessitam de mais ou menos explicação. Depois, me apego a dinâmica da escola: como são as aulas com os outros professores? A relação com os inspetores de alunos? Com a tia da cozinha? Tudo isso faz parte do currículo escolar, a disciplina que ofereço - Educação Física - entra nesse bojo.
Começo o ano por jogos e brincadeiras comuns aos alunos. Em 2009 comecei pelo "pega-pega", no jogo, mostro como será a dinâmica da aula. Início com roda de diálogo, paradas durante a aula para dialogar sobre a atividade, eu os provoco ambicionando mudanças no jogo. E por ai vai. Não importa para mim quantos alunos foram pegos ou não no jogo, ou, qual equipe ganhou o "rouba-bandeira".
Vale criar e recriar jogos já existentes. Vale combinar regras e segui-las, até perceber que seguindo as regras o jogo flui melhor e, se não fluir, podemos altera-las. Vale criar estratégias para ganhar atacar e se defender no jogo, vale criar novas maneiras de jogar. O diálogo, o movimento, são coisas que não faltam nas minhas aulas, mas para além de tudo isso, está a busca pelo ser mais.

Erros de Português

Odeio errar. Todo mundo diz isso, e quase todos não diminuem a possibilidade do erro. Eu sou mais um. Andei lendo os posts anteriores e encontrei uma enormidade de erros. Tudo falta de leitura antes da postagem. Vou tomar mais cuidado.

Sobre as culturas

No último post sugiu um termo novo - As culturas dos alunos - geralmente, leio sobre a cultura do aluno, artigo e substantivo no singular. Quando o escrevi percebi que havia algo estranho, mas deixei, apesar de diferente me agradou. Na verdade, utilizei o termo as culturas pensando nas várias influencias pelas quais os alunos são submetidos, a grosso modo, eles convivem entre os pais, os amigos, os professores, assistem a televisão. Tudo isso pode levar a construção de várias identidades, por exemplo, na escola ele se comporta de uma maneira, na rua de outro e por ai vai. Não sei se o termo está equivocado, o certo é que ainda não tenho cacife para afirmar tudo o que escrevi acima, mas como este espaço não é apenas acadêmico, o termo as culturas está explicado.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Temas, conteúdos e a cultura de movimento

Continuando. Temas e conteúdos não devem ser definidos sem as devidas contextualizações. Desse modo, o norte para a organização dos temas e conteúdos que serão abordados durante o anos é eixo temático da Educação Física Escolar: a ginástica, o jogo, a luta, o esporte e a dança.
Este eixo teático reserva uma série de possibilidades, afinal quantos jogos existem? Quantas lutas? Quantas danças? Não sei. E o objetivo não é saber todos, pelo contrário, é vivenciar alguns durante os ciclos educacionais formais. Qual o ponto de partida? As culturas dos alunos, dos professores e da escola.
Daqui a pouco volto com mais detalhes sobre a cultura de movimento.

Sobre comentários

É verdade, a secretária demorou para sair. E o novo secretário, já apareceu?

sábado, 28 de março de 2009

Temas e Conteúdos para Educação Física Escolar

Outro dia li no Blog do João Freire um post sobre a sistematização dos temas e conteúdos da Educação Física ao longo dos anos pertinentes ao processo educacional formal. O tema é interessante, porém, altamente "periculoso" - como diz um conhecido.
Penso que primeiro é preciso diferenciar tema de conteúdo, um primeiro olhar pode revelar certa semelhança entre um termo e outro, mas na verdade, existem diferenças determinantes entre um e outro.
Coll (1998) argumenta que os temas são os elos de ligação entre o aluno e o conteúdo que será aprendido na aula, nessa perspectiva, o futebol por exemplo seria um tema. Dentro deste tema poderíamos trabalhar o conteúdo chute, passe ou cooperação. Assim, pode-se dizer que o eixo temático calcado nos jogos, nas modalidades esportivas, nas danças e nas ginásticas; abrem infinitas possibilidades temáticas para a Educação Física Escolar.
Vamos imaginar uma aula na qual o professor queira trabalhar saltos. Quantas manifestações da cultura de movimento utilizam o salto? De cabeça vou citar algumas: o atletismo, o volei, o basquete, a capoeira, as ginásticas rítmica, artística e geral, o break, jogos com corda, amarelinha e por ai vai. Isso quer dizer que se quisessemos pensar a aula pelos conteúdos, seu desenvolvimento seria possível, mas complicado. Outra possibilidade é pensar nas aulas a partir dos temas, vamos lá.
Um tema como o break, dança engendrada à cultura Hip Hop, exigirá do professor conhecimentos sobre os contextos nos quais o Hip Hop é apontado por jovens e adultos como possibilidade real para desenvolvimento do SER humano. Pensando especificamente no Break, a ideia seria abordar conteúdos como o ritmo, a movimentação do corpo no espaço, o equilíbrio, as mudanças de direção, o enfrentamento e alguns outros. Me parece mais adequado pensar nas aulas partindo dos temas e perceber quais conteúdos esses temas suscitam durante seu desenvolvimento. Passemos ao próximo desafio.
Como organizar esses temas ao longo dos anos? Quais conteúdos devemos oferecer para os nossos alunos? Essa organização deve ser igual em todo um estado? Em toda uma cidade?
Tentarei responder parte desses questionamentos no próximo post.

E a secretária caiu

Quando as coisas não dão certo em um time de futebol o técnico é demitido. Na gíria corrente, jornalistas e consumidores dessa modalidade esportiva dizem que o treinador caiu. Na política acontece o mesmo.
A "vítima" da vez foi Maria Helena Guimarães, agora, ex secretária da educação em São Paulo. Após inúmeras divergências com os professores da rede, erros grosseiros nos materiais entregues aos alunos e alguns conflitos com o governados José Serra, ela foi afastada da secretaria.
Em entrevista a Folha de S. Paulo, de hoje, 28/03, ela alega motivos pessoais para o seu desligamento, para dizer a verdade eu não acredito, foram erros demais. O pior deles foi comprometer a imagem do governo.
Para o seu lugar, Paulo Renato, economista, foi ministro no governo Fernando Henrique. Ele vai dar jeito? Acho que não. Dizer que ele é mais um "psdebista" a assumir o poder é inútil, está difícil acreditar em qualquer político, mas eu acredito menos neles, nos democratas e etc.
Vamos dar tempo ao tempo. O novo secretário começou mal, o site oficial da secretaria ainda não divulgou a mudança. Será porque?

quinta-feira, 19 de março de 2009

Rouba bandeira para a autonomia




A Educação Física no espaço escolar não deve se preocupar com a busca do talento esportivo ou com a formação de novos alunos para academias de ginástica. O papel da Educação Física escolar coaduna-se aos objetivos da escola, não é possível imaginar um componente curricular que tenha total independência do espaço no qual está alocado, seria como se o objetivo do componente história fosse lapidar possíveis historiadores, o da biologia futuros biologos e por ai vai.


Instituições escolares adotam como objetivo principal a formação de cidadãos, a biologia, a história, a Educação Física e todos os outros componentes curriculares devem ser desenvolvidos em torno deste objetivo. Não quero neste post aprofundar os aspectos relacionados a formação do cidadão, isso não seria possível. Quero deixar claro que, para mim, a formação do cidadão passa pela construção de autonomias, sempre na medida do possível, pois formar para autonomia plena é algo que será possível apenas quando a maioria das pessoas tiverem condições de perceber o que é liberdade. Sem liberdade não há possiblidade de formar alguém autônomo.


É possível formar pessoas que queiram ser livres, que tenham essa curiosidade mesmo que ingenuamente, um dia essa curiosidade será epistemológica...


Nas aulas de Educação Física temos condições de formar pessoas para algumas autonomias, uma delas, a do diálogo. Nas últimas duas semanas construi com meus alunos o rouba bandeira, jogo popular e tradicional, mas nem todos o conhecem. A riqueza começa ai, aqueles que conhecem apresentam o jogo as pessoas que não sabem jogar. Algumas regras mudam de uma turma para outra, mas a essência do jogo continua, roubar a bandeira. Após construir e clarificar as regras do jogo, nos dedicamos a construção de sistemas e táticas, objetivando facilitar a vitória de uma equipe e dificultar a vitória da outra, como isso foi possível? pelo diálogo.


Propus aos alunos que conversassem sobre o jogo, suas características e o que eles precisariam fazer para alcançar os objetivos que mencionei anteriormente. Depois que disse isso me afastei, as equipes se reuniram e passaram a diálogar, isso não é fácil, em vários momentos não houve diálogo, houve discussão, uns queriam impingir suas ideias nos outros, ai eu intervinha. E foi. Na maioria das turmas deu certo, em algumas não.


Não quero que sempre de certo, quero apenas que os alunos tenham condições de refletir sobre aquilo que vivenciamos nas aulas. Isso pode ser agora ou daqui a dez anos, afinal, eu não educo para a minha aula, educo para a vida.




Na foto, uma das turmas dialogando.

Sobre Postagens

É complicado alinhavar as tarefas de professor, pesquisador, filho e blogueiro. Vez ou outra sento em frente ao computador e não consigo publicar aquilo que penso sobre as coisas que tenho contato no meu dia a dia (sem hífen). Prometo que vou tentar postar mensagens ao menos três vezes na semana, duas de segunda a sexta, e outra, no final de semana.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Ronaldo Fenômeno e a Educação Física Escolar


Parece estranho abordar um tema ligado ao futebol de alto rendimento em um Blog que trata das coisas da Educação Física Escolar, mas não é. O feito realizado por Ronaldo, ontem, em Presidente Prudente - SP, ganhou eco em todos os veiculos de comunicação. Desde o jornal Metro News, que é distribuído gratuitamente nas estações do metrô de São Paulo até o Jornal Nacional que realizou uma entrevista ao vido com o "fenômeno". E a Educação Física, onde entra neste diálogo?

O esporte, tradicionalmente, é apontado como principal tema das aulas de Educação Física no contexto escolar. Não concordo muito com isso e sempre tento criar outras possibilidades, aponto o esporte como mais um dos eixos temáticos e, geralmente, trato as questões do esporte nas minhas aulas no terceiro bimestre letivo - agosto e setembro. Os alunos não gostam. Pedem para jogar bola, dizem que o outro professor de Educação Física os deixavam livres em algumas aulas para jogarem bola.

Eu acredito que o esporte não é o principal tema da Educação Física Escolar, em contrapartida, não posso negar que este permanece no imaginário social de todos nós, por isso, vejo uma possibilidade pedagógica para os professores responsáveis por este componente curricular. Imagine, quantos conteúdos podemos tratar com os alunos partindo deste tema: Ronaldo. Conhecimentos sobre fisiologia, cinesiologia, futebol, filosofia e sociologia, podem compor este rol que não deve ser ignorado. Muitas vezes, pensamos que as coisas do mundo não devem influenciar nossas aulas, digo exatamente o contrário, afinal, somos parte dele. Não concordo, porém, com o trato acritico dos acontecimentos, tratar de Ronaldo em uma aula, significa pensar na condição humana do século XXI, qual condição? a do mito.
Foto: Cesar Greco /FOTOARENA / Parceiro / Agência O Globo

sexta-feira, 6 de março de 2009

Meus meninos e seus pés no chão



O início do ano letivo traz consigo uma série de novidades. Ano passado não dei muita importância a vestimenta dos alunos nas minhas aulas, quase sempre um estava de calça jeans, sapato ou bota.
Neste ano decidi agir de outro modo, afinal, se eles não souberem das roupas mais ou menos indicadas para a prática de atividade física e os motivos da indicação na escola, onde eles saberão? Pensando nisso, abri diálogo em todas as turmas que ministro aula, a pergunta era: com que roupa eu vou para a aula de Educação Física?
A resposta mais utilizada foi ótima: "essa aqui professor" apontando para a roupa que estavam utilizando. Alguns se arriscaram a mudar, disseram que existem roupas adequadas, mas não sabiam quais eram. Quando olhei para a resposta que eles fizeram a minha pergunta, a roupa deles, encontrei ampla variedade: macacões, vestidos, sandalhas, chinelos, calças jeans e até uma bota - nesse calor...
Conversamos sobre as vestimentas, fomos a quadra e vivenciamos algumas brincadeiras, nos interessava perguntar para os alunos como eles se sentiam correndo com aquelas roupas: era bom? será que com outra roupa ou calçado seria melhor? Chegamos a conclusão de que as roupas que tradicionalmente não são indicadas para a prática de atividade física não seriam adequadas para os dias da aula de Educação Física.
Na próxima aula todos estavam lá, alguns se esqueceram do combinado, mas, a maioria não. Quando fomos para a quadra, algo me espantou. Antes da formação da roda de conversa que inicia a aula, todos os alunos - excessão feita a dois ou três - estavam sentados tirando seus tênis. E ai? O que fazer? Dialogar! Ficou muito claro que todos eles estão acostumados a brincar descalços, ministro aulas numa região na qual existem ruas de terra, árvores, pedras e asfalto. Quem sou eu para priva-los de suas características? Depois de pensar em tudo isso em vinte segundos - quem é professor sabe do que estou falando - abri o diálogo com eles.
Eles me disseram que sempre brincaram assim, disse a eles que o risco de haver um machucado era maior, mas se eles quisessem eu não os obrigaria a colocar os tênis novamente, adivinhe, ninguém o colocou de volta. A foto do post, mostra os tênis dos meus meninos, meninos que brincam com seus pés no chão.

domingo, 1 de março de 2009

Pensamentos sobre a Educação... Física

Com o início do ano letivo alguns pensamentos invadem minha mente. Eles são recorrentes, estiveram por aqui ano passado e depois foram embora. Em 2007, quando iniciei minha carreira docente ocorreu a mesma coisa.
Sempre me pergunto: o que a Educação Física tem a oferecer? O que eu tenho a oferecer? Tenho condições de mudar o mundo, ou o mundo é esse que está ai e não depende de mim para ser mudado? As perguntas persistem, as respostam mudam. Hoje sei que a Educação Física tem muito a oferecer, muito sobre o movimento e muito além do movimento, talvez, a maior riqueza da Educação Física resida no fato de poder se aproximar dos alunos parados e em movimento. Nenhuma outra área de conhecimento conta com essa possibilidade, imagine alunos correndo, um atrás do outro, de repente alguém os chama e pede: agora todos devem dizer uma palavra com g para pegar alguém. Imagine isso na cabeça de uma criança.
Esses pequenos pontos podem mudar o mundo. Me lembro do ano passado das minhas turmas de quarta série, quantas e quantas vezes disse a eles que não gritaria na aula e não utilizaria apito. No fim do ano conseguiamos construir coisas maravilhosas, coisas que eles passaram a utilizar em suas vidas, em seus mundos...

Tenho muito mais para escrever, tanto, que nem sei como.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Agora Vai... Eu acho

Após todos lamentáveis acontecimentos, as aulas começarão na rede estadual do estado de São Paulo. Parte dos problemas eu explicitei em outro post, apesar de tudo nem este problema foi resolvido, no fim das contas deu-se um jeito, acredita?
Nos dias 11,12 e 13 nos ocupamos com o planejamento de nossas ações pedagógicas para 2009. Infelismente, a maioria do corpo docente da escola na qual trabalho foi alterado, alguns professores pediram remoção, outros, não conseguiram continuar. Como a diretora da escola fala: "A escola entra em seu quarto ano de atividade e passa pela quarta inauguração".
Muitos professores decidiram sair, eu não, quis ficar. Agora, sei o que esperar dos alunos, alguns foram meus alunos ano passado, a maioria não. Sou sabedor de que a maioria mora ali nos prédios que foram construídos pelo governo, eles vieram de favelas da Vila Prudente, zona norte da capital paulista, alguns se acostumam, outros não. Eles são carentes muito carentes, na região não há espaços para o lazer. Muitos são filhos de mães solteiras, que trabalham arduamente para conseguir sustentar seus filhos, muitas são irmãs mais velhas que se ocupam, com 10 ou 11 anos da "criação" dos irmãos mais novos.
Não é fácil. Ano passado, quando comecei a trabalhar nesta escola, esperava por tudo isso, mas, quando me deparei com a realidade senti a força que faz soprar os ventos da perpetuação das desigualdades. Fazer ventar o saber humano é tarefa complicada, que neste ano pretendo oferecer com maior afinco.

Só para lembrar vou trabalhar com duas segundas séries, quatro terceiras séries e quatro quartas séries.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Comentário que fiz no Blog do Professor João Freire

Ivan
comentou em 3/02/2009, às 19:18
Olá professor, suas palavras são mágicas. Na disciplina ministrada pela Professora Marilia Velardi na Pós Graduação da Universidade São Judas, dialogavamos sobre algo parecido.No entanto, nossas atenções focaram a falta de identidade da Educação Física como área de conhecimento. É preciso realizar um profundo mergulho em nossa identidade, na identidade do nosso país, para depois construir uma Educação Física alinhavada as nossas necessidades educacionais. A construção acritica de milhões de artigos científicos é uma incongruência com os valores científicos com os quais nos identificamos.
Afinal, cão que “lattes não mordes”.

E o ano letivo quase chegou

Parece brincadeira. Há uma nuvem de descaso e insensatez pairando entre os ares da adiministração educacional paulista. Se já não bastasse o péssimo serviço oferecido a população do estado de São Paulo, agora, enfrentamos uma disputa - que me parece muito mais político partidária - entre a secretaria da educação e um dos sindicatos que representam os professores.
Quem sai perdendo? Os alunos, é claro! Mas, eles perdem muito? Muitíssimo. Como isso pode acontecer? Eu explico.
Isso tudo começou anos passado, quando a secretaria anunciou que os professores não concursados teriam que prestar uma prova com vistas ao processo de atribuição de aulas para o ano letivo de 2009. Muitos professores não acreditaram, logo, o tema caiu no mais profundo esquecimento. Quando o assunto voltou a tona, a data da prova foi marcada, as inscrições foram abertas e o "redevu" começou.
A inscrições foram marcadas por um aspecto: a bagunça. Me lembro que informei um amigo sobre este novo processo e disse para ele se inscrever, ele não conseguiu, utilizaram como argumento o fato dele ainda estudar, mas, em outras diretorias de ensino, alunos na mesma situação que ele conseguiram, o processo não era na rede estadual?
A prova, pelo visto, também foi marcada pela desorganização. Atraso para o início da aplicação, pessoas estressadas demais, recolhimento desordenado das avaliações.
Há pouco recebemos noticias das correções, advinha só, bagunça. Alguns professores não tiveram suas avaliações corrigidas, elas simplesmente sumiram? Outros reclamam das notas... É tudo muito estranho.
Com toda essa seleuma, o início das aulas foram adiadas para o dia 16/02 - segunda feira. Em entrevista a secretaria da educação fez questão de garantir que os 200 dias letivos estão garantidos, que este imbroglio foi criado por um dos sindicatos e ela não sabia o porque.
Se ela não sabe, imagine eu. Sei apenas que a qualidade do ensino não é o carro chefe de todas essas discussões, pelo contrário, parece que a qualidade fica em último plano.
As vezes, penso que eles não sabem o que é qualidade na educação, afinal, estudam muito mais sobre administração, finanças e etc. Na educação é diferente, nem sempre o mais rápido é o melhor, não existem esquemas pré-definidos, é só aplicar e plim, a educação deu certo. Não é assim, e, enquanto for do jeito que é, não dará certo. Falta ler Paulo Freire, João Freire, Jair Militão, Marilia Velardi. Falta saber que a educação é como a vida, falta mostrar para o sujeito que ele é o principal sujeito no seu processo educacional, assim como na vida.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O ano letivo está chegando

Estamos as vésperas do início de mais um ano letivo. Me parece que tudo ficará como estava, na última sexta feira - 30/01, fui à escola na qual trabalho para a atribuição de aulas. Tive contato com a mesma loucura do ano passado, tudo estava "nas costas" da diretora, a unidade escolar está sem coordenador pedagógico e vice diretor (a).
Neste ano trabalharei com turmas de segunda, terceira e quarta série. Nâo houve compra de materiais, e não há previsão para tal. O único fato novo é a escola que a prefeitura construiu ao lado da qual eu trabalho - vale lembrar que trabalho no estado.
As propostas que pretendo desenvolver em 2009, certamente serão expostas neste blog, afinal, a idéia é dialogar sobre Educação Física Escolar.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

E a Educação Física, onde entra neste diálogo?

Entra e não entra. Entra porque a USP, como nas outras áreas de conhecimento, é a universidade com números mais representativos no campo da Educação Fìsica. Vale dizer que o seu curso de Pós Graduação - Mestrado e Doutorado - é o único do país avaliado com a nota 6 pela CAPES. Volto a uma pergunta formulada no post anterior: isso é bom? Depende.
Não há como duvidar da capacidade dos profissionais envolvidos no curso de Pós Graduação da USP, mas é possível questionar sua legitimidade frente a área de conhecimento e suas ramificações. Por exemplo, as publicações de mais impacto são as internacionais, quantos desses artigos nós lemos? Quando lemos, qual é sua aplicabilidade em nosso cotidiano?
Me parece que algumas publicações - não vou generalizar - são construídas nos diferentes laboratórios "uspianos" com o olhar voltado para uma ou outra revista internacional e sua classificação. Isso é ruim.
A construção de conhecimento em nível superior deve estar atrelada ao desenvolvimento local e global. Não deve simplesmente atender a exigências da revista A ou B que renderão pontos, que por sua vez renderão mais verbas para a construção de outros projetos de pesquisa sem impacto.
A referência deve ser outra, a construção de conhecimento deve girar em torno das necessidades da população local em todas as áreas de conhecimento, inclusive na Educação Física.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Queda na produção científica da USP, bom sinal?

Hoje, o pai da minha namorada comprou o jornal Folha de São Paulo em sua casa, acho a Folha um dos melhores jornais aqui de São Paulo e logo deixei de prestar atenção na televisão e comecei a ler a partes que me interessavam.
Comecei, é claro, pelo caderno de esportes. Quem não começaria? Talvez minha mãe, minha namorada, minha orientadora... mas isso não vem ao caso. Quando cheguei ao caderno cotidiano me deparei com a seguinte manchete: "Aos 75, USP tem mais alunos e menos produção científica".
Obviamente o título chamou minha atenção e dediquei minha atenção aquela reportagem. Quando eu comecei a ler me perguntei: a USP produzir mais é bom ou ruim? Conclui naquele momento que pode ser os dois e que ao final da reportagem uma breve reflexão revelaria uma opinião mais crítica sobre essa situação.
De acordo com a Folha, a média da publicações por docente caiu 30, 4% de 2003 para cá, enquanto o número de vagas ofertadas subiu 27,7%. Logo percebi que outras matérias foram publicadas no mesmo caderno em torno do mesmo tema.
Após a leitura me posiciono ao lado daqueles que defendem o aumento das vagas nos cursos de graduação da USP, ao contrário do que muitos pensam a universidade é espaço para o ensino, a pesquisa e a extensão, não é possível investir todo o dinheiro repassado pelo governo apenas em pesquisas, que muitas vezes não estam relacionadas com a nossa "gente".
Quanto a diminuição do número de publicações restou uma dúvida, será que ela caiu mesmo? Ou será que estamos publicando melhor? Primeiro devo deixar claro que publicar melhor na minha concepção é tornar público para uma determinada população um avanço científico que lhe pode ser útil. Tomando este conceito como ponto de partida, nossos melhores estudos seriam publicados em revistas nacionais, e não em periódicados indexados ao ISI - Instituto para a informação científica. Se eu deixo de publicar em um desses periódicos para publicar em uma revista nacional b, meu texto pode ser lido por mais brasileiros, portanto pode ser mais útil para o Brasil, mas para os quantificadores do ISI não seria nada.

Nesse sentido, me parece que a queda na produção científica da USP é um bom sinal.

Parabéns USP, pelos seus 75 anos de existência.

Não preciso dizer que a USP é a principal instituição de ensino superior do país. Na Educação Física foi responsável pela formação acadêmica de alguns autores renomados, como: João Batista Freire, Jocimar Daolio, Osvaldo Luiz Ferraz entre outros.
Existe em nossa área de conhecimento uma certa má vontade em relação a USP, expressada muitas vezes com mais veemencia pelos pesquisadores da área pedagógica - eu sou um deles - sempre dizemos que eles racionalizam demais, apequenam demais, produzem demais... O fato, é que o mestrado em Educação Física da USP é o único do país avaliado com nota 6 pela CAPES. Isso é bom? Não sei, falarei mais sobre isso no próximo tópico. Este foi criado para parabenizar a maior instituição de ensino superior do país. O que seria da minha ou da sua educação sem a existencia da USP?

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Diálogos sobre Educação Física Escolar: Primeira Postagem

Há tempos imagino a criação de um Blog que me permita compartilhar aquilo que penso sobre a vida, as pessoas, enfim, o mundo. O título deste Blog traz consigo a revelação de um objetivo: dialogar sobre Educação Física Escolar. Penso que é possível construir um canal de comunicação que contemple idéias ligadas a Educação Física como área de conhecimento, a Educação Física como componente curricular na Educação Básica e, por fim, aos pensamentos do autor deste Blog sobre as coisas da vida humana.