quinta-feira, 19 de março de 2009

Rouba bandeira para a autonomia




A Educação Física no espaço escolar não deve se preocupar com a busca do talento esportivo ou com a formação de novos alunos para academias de ginástica. O papel da Educação Física escolar coaduna-se aos objetivos da escola, não é possível imaginar um componente curricular que tenha total independência do espaço no qual está alocado, seria como se o objetivo do componente história fosse lapidar possíveis historiadores, o da biologia futuros biologos e por ai vai.


Instituições escolares adotam como objetivo principal a formação de cidadãos, a biologia, a história, a Educação Física e todos os outros componentes curriculares devem ser desenvolvidos em torno deste objetivo. Não quero neste post aprofundar os aspectos relacionados a formação do cidadão, isso não seria possível. Quero deixar claro que, para mim, a formação do cidadão passa pela construção de autonomias, sempre na medida do possível, pois formar para autonomia plena é algo que será possível apenas quando a maioria das pessoas tiverem condições de perceber o que é liberdade. Sem liberdade não há possiblidade de formar alguém autônomo.


É possível formar pessoas que queiram ser livres, que tenham essa curiosidade mesmo que ingenuamente, um dia essa curiosidade será epistemológica...


Nas aulas de Educação Física temos condições de formar pessoas para algumas autonomias, uma delas, a do diálogo. Nas últimas duas semanas construi com meus alunos o rouba bandeira, jogo popular e tradicional, mas nem todos o conhecem. A riqueza começa ai, aqueles que conhecem apresentam o jogo as pessoas que não sabem jogar. Algumas regras mudam de uma turma para outra, mas a essência do jogo continua, roubar a bandeira. Após construir e clarificar as regras do jogo, nos dedicamos a construção de sistemas e táticas, objetivando facilitar a vitória de uma equipe e dificultar a vitória da outra, como isso foi possível? pelo diálogo.


Propus aos alunos que conversassem sobre o jogo, suas características e o que eles precisariam fazer para alcançar os objetivos que mencionei anteriormente. Depois que disse isso me afastei, as equipes se reuniram e passaram a diálogar, isso não é fácil, em vários momentos não houve diálogo, houve discussão, uns queriam impingir suas ideias nos outros, ai eu intervinha. E foi. Na maioria das turmas deu certo, em algumas não.


Não quero que sempre de certo, quero apenas que os alunos tenham condições de refletir sobre aquilo que vivenciamos nas aulas. Isso pode ser agora ou daqui a dez anos, afinal, eu não educo para a minha aula, educo para a vida.




Na foto, uma das turmas dialogando.

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